Chegamos à décima edição das Maravilhosidades
e ela vem com tudo!! Semana de pós-feriado é sempre correria do lado de cá.
Voltando de Salvador, resolvendo coisas de casa e vida, daquele jeito. E na
primeira semana de abril a Netflix nos deu não sei quantos presentes, que bem
já passei o olho, mas vamos com calma que o que não falta é filme bom para
vermos, em qualquer época. Como este fim de semana chega à velocidade máxima e
está fazendo sol por aqui, selecionei filmes de impacto, com um pouquinho de
nada de alívio, para ficarmos no clima certo.
Blue Jasmine (2013, de Woody Allen) – 98 min |
Woody Allen se superou nesse filme, que não seria nada sem a
presença de Cate Blanchet. É muito difícil
dizer que uma atriz é a melhor de sua geração, mas Cate, se não for a melhor
está no top 3, com certeza. Ela é Jasmine, a irmã antes rica e agora entregue à
rua da amargura, de Ginger (Sally
Hawkins, outra incrível e menos conhecida que ganhou meu coração em Simplesmente Feliz, de Mike Leigh), com quem vai
procurar abrigo após perder o marido, um especulador golpista. O filme centra
todo na atuação de Blanchet e sua transformação, da riqueza à derrocada e essa
adaptação a um novo estilo de vida. Ácido, mordaz, sarcástico do início ao fim,
consegue ser um misto de comédia leve – típica do autor – e drama. Você vai rir
mesmo se não gostar de Woody Allen e ainda encontrará Alec Baldwin novamente, Bobby
Cannavale e Louis CK em uma
curta participação.
Álbum de família (2013, de John Wells ) – 121 min |
Julia Roberts e Meryl Streep
confirmam sozinhas a relevância desse drama carregado de tiradas ainda mais
ácidas e cruéis do que Jasmine. A
família de Violet Weston (Streep), uma mulher amarga e difícil, se reúne para lhe
visitar após o desaparecimento do marido (Sam
Shepard). As filhas, Barbara (Roberts), Ivy (Julianne Nicholson) e Karen (Juliete
Lewis) com suas famílias aparecem para um difícil e conturbado encontro – ainda
assim, regado a recordações e gargalhadas. A importância e qualidade do filme estão
na identificação que temos com ele em determinados trechos e nossas próprias famílias
– especialmente se não moramos mais com nossos pais e os vemos em visitas
ocasionais. Difícil, inteligente e ácido, vale a pena, nem que seja para ver o
jogo de cena de um elenco sensacional. Aqui você ainda encontrará Ewan McGregor, Chris Cooper, Margo
Martindale, Dermot Mulroney, Abigail Breslin e Benedict Cumberbatch.
Piaf: um hino ao amor (2007, de Olivier Dahan) – 140 min |
Saindo da comédia difícil para o
drama de verdade, segue Piaf: um hino ao amor (o título em português remete a
uma das músicas mais famosas na voz de Edith Piaf). Aqui vemos a história de
vida da cantora ícone francesa incorporada por Marion Cotillard em uma performance que lhe garantiu de uma só vez
o Oscar, Globo de Ouro, BAFTA, César, Cannes e outros prêmios de melhor atriz em festivais menores. Como uma biografia clássica, o filme nos carrega para a trajetória da
cantora, da ascensão à morte e conhecemos mais sobre a voz e a vida dessa
mulher forte, sofrida e maravilhosa. Vale muito o investimento!
Casamento grego (2002, de Joel Zwick) – 95 min |
Depois de tanto sofrimento,
alguma leveza é fundamental. Casamento Grego é uma comédia romântica engraçadíssima,
no melhor estilo ‘não quero pensar nos meus problemas agora’ que você pode
assistir neste fim de semana. Leve, despretensiosa e boba, mostra o estereótipo
de uma grande família grega que, ao contrário do Álbum de Família, traduz tudo em piada, até as questões mais
sérias. É para baixar a guarda e se permitir uma brincadeira animada e bem construída. Lembrei
tão carinhosamente desse filme agora que até vou rever! É com Nia Vardalos, que também assina o
roteiro e John Corbett, o Adam, da série Sex and the City.
Habemus Papam (2011, de Nanni Moretti) – 102 min |
Uma vez eu li em algum lugar que Nanni Moretti era o Woody Allen da Itália.
Eu acho que poucas coisas os unem: a comédia inteligente e a participação nos
filmes como atores, além da direção. Mas os dois são completamente distintos, na vida real. O
tipo de comédia é diferente, a forma de filmar, o tratamento dos atores, os
roteiros, enfim, tudo muda. Neste Habemus
Papam vemos a história de um conclave que parece dar errado. A escolha
papal pode ser um tormento e fardo para seus candidatos, pela pressão de ‘presidir’
a igreja Católica. Assim, chamam um psicanalista (Moretti) para ajudar o futuro
papa em suas questões, para que fique firme diante da decisão de todos e nem
tudo sai nos conformes. O filme não é de gargalhadas, mas de uma comédia mais
refinada, que pode passar despercebida se o assistirmos com pressa em sermos
agradados. Ele funcionou comigo um pouco como Juventude (nos cinemas a partir desta semana, com crítica aqui no Café) que nos toma um tempo para digerir e verificar sua importância. Gostei
bastante dos dois e ambos são italianos, o que pode ser um fator em comum neste
processo, já que o cinema de lá não vem com tanta frequência para nós e ficamos
com aquelas referências antigas e os filmes independentes. Este vale o desafio.
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